As mudanças climáticas são um desafio global que afeta todos os cantos do mundo. No estado do Rio Grande do Sul não é diferente. Entre os principais impactos das mudanças climáticas neste estado brasileiro, estão a alteração no volume de chuvas, o que tem consequências diretas em todos os setores, em especial na agricultura.
Socialmente, os impactos sociais das mudanças climáticas recaem invariavelmente sobre as populações mais vulneráveis. O racismo ambiental é um tema de crescente preocupação e estudo, relacionando-se à maneira pela qual injustiças ambientais afetam desproporcionalmente comunidades marginalizadas, muitas vezes baseadas em raça e condição socioeconômica. Essas comunidades frequentemente enfrentam maior exposição a poluentes, menor acesso a recursos naturais limpos e são as mais impactadas pelas consequências das mudanças climáticas.
O relatório Climate Change and Social Inequality das Nações Unidas destaca que os impactos das mudanças climáticas são sentidos de maneira desigual, com as populações mais pobres e vulneráveis enfrentando riscos maiores de eventos climáticos extremos, insegurança alimentar e perda de moradia. Além disso, são estas populações as primeiras a perder o acesso a Recursos Naturais, como água potável e ar limpo. Um exemplo disso, mesmo fora do Brasil, foi a crise de água em Flint, Michigan (EUA), na qual a população majoritariamente negra foi exposta a água contaminada com chumbo devido à negligência e decisões políticas e econômicas.
Cenário no Rio Grande do Sul
Em nota no portal oficial do estado, o Vice-Governador Gabriel Souza declarou que “o Rio Grande do Sul é o Estado que mais sofreu perdas econômicas por eventos climáticos nas últimas décadas. Estudo do Banco Mundial mostra que, entre 1995 e 2019, foram registradas perdas de R$ 41,2 bilhões – o que representa 12,28% do total no país.”
“Em 2023, ano em que testemunhamos a ocorrência de dez eventos climáticos – entre ciclones, enchentes e granizos – e da terceira estiagem consecutiva, tivemos, além do impacto econômico, a perda do que não tem preço: 79 vítimas fatais. Famílias que ficaram sem seus entes queridos devido às chuvas, e cuja dor não se pode mensurar em números.”
Entre os principais impactos da crise climática no estado do Rio Grande do Sul estão:
Alterações em Padrões de Precipitação: As mudanças climáticas têm causado alterações significativas nos padrões de chuvas, levando a períodos de seca mais intensos e prolongados, bem como a chuvas mais pesadas e inundações. Após fechar o ano como o mais quente em 174 anos em 2023 no estado, a quantidade de chuvas no sul do Brasil bateu diversos recordes. Em setembro, o Rio Grande do Sul recebeu 300 milímetros de chuva, o que é o dobro da média histórica, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A Capital Porto fechou a última primavera com chuvas 65% acima da média sazonal (1991 a 2020). O volume de chuva ficou 234,5 mm acima da média, sendo essa, a terceira primavera mais chuvosa desde 1961. Em toda a estação foram registrados 35 dias com chuva maior ou igual a 1,0 mm.
Impacto na Agricultura: A agricultura, um dos principais pilares da economia gaúcha, tem sido diretamente afetada. A mudança nos padrões de precipitação, junto com o aumento das temperaturas, afeta a produtividade de culturas importantes como soja, arroz e uva. O levantamento preliminar dos impactos das chuvas intensas e enchentes na produção rural em decorrência do ciclone extratropical de setembro aponta que “ao todo, 1.616 produtores tiveram perdas na produção de grãos, 88 na fruticultura, 2.691 no fumo e 198 na olericultura. Na pecuária, morreram 29.356 animais, entre bovinos de corte e de leite, suínos e aves e perderam-se 370 caixas de abelhas e 35,5 toneladas de peixe. Foram 346 produtores prejudicados. A produção não coletada de leite chegou a 327,3 mil litros, lesando um total de 813 produtores.”

Efeitos na Biodiversidade: A fauna e a flora do Rio Grande do Sul também estão sendo afetadas. O clima mais quente e seco leva à perda de habitats, afetando a sobrevivência de espécies endêmicas. Além disso, o desmatamento, que colabora com a crise climática, mostra que o Pampa, bioma típico do RS, atualmente tem mais áreas modificadas pela ação humana (antropizadas) do que de vegetação nativa. Em 1985, as áreas de vegetação nativa ocupavam 61,3% do Pampa e, em 2021, essa participação foi de 43,2% – quase o mesmo das áreas de agricultura, que já ocupam 41,6% do bioma.
Entre 1985 e 2021, a perda de vegetação nativa foi de 29,5%, sendo acentuada nas últimas duas décadas. Os dados são de estudo de 2022 do MapBiomas, sobre uso e ocupação do solo do Pampa cobrindo o período de 37 anos.

Rio Grande do Sul: estado vulnerável e carente de ações
De acordo com dados do Adapta Brasil, plataforma do Ministério da Ciência e Tecnologia que avalia os riscos dos municípios brasileiros às mudanças climáticas e orienta a tomada de decisões, o estado é bastante vulnerável: 41% das cidades do Rio Grande do Sul têm capacidade adaptativa – ou seja, de se ajustar e responder a possíveis desastres geo-hidrológicos de inundações, enxurradas e alagamentos – baixa ou muito baixa.
Dos 497 municípios do Estado, 206 estão nessa situação. Outros 203 têm capacidade média, como Muçum, onde morreram a maioria das pessoas em 2023 em decorrência das enxurradas.
O papel das empresas gaúchas frente à Crise Climática
Todos nós temos um papel a desempenhar na mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Em especial, as empresas têm maior potencial para mitigação dos impactos e proteção de sua economia e de seus colaboradores. Confira algumas ações práticas a serem implementadas.
Consciência e Educação: Estar ciente da situação e educar-se sobre as mudanças climáticas é o primeiro passo de sócios, gestores e equipe. É importante entender o que está acontecendo e por que está acontecendo. Diante disto, capacitar os funcionários sobre as mudanças climáticas e suas implicações para o negócio é de extrema importância. Isso inclui treinamento sobre medidas de eficiência, redução de resíduos e práticas sustentáveis, assim como treinamentos para situações emergenciais, que devem estar claras na cultura da empresa.
Avaliação de Risco e Vulnerabilidade: Realizar análises de risco para entender como as mudanças climáticas podem afetar suas operações, cadeias de suprimentos e mercados. Identificar áreas de vulnerabilidade pode ajudar a empresa a se preparar melhor para eventos extremos.
Plano de Adaptação: Desenvolver e implementar um plano de adaptação que aborde os riscos identificados, incluindo medidas como fortalecimento de infraestrutura, diversificação de cadeias de suprimentos e investimento em tecnologias resilientes ao clima.
Eficiência Energética e Energias Renováveis: Investir em eficiência energética e fontes de energia renovável para reduzir a pegada de carbono. Isso não só ajuda a mitigar as mudanças climáticas, mas também pode oferecer economias de custo a longo prazo.
Inovação e Sustentabilidade: Incorporar a sustentabilidade no modelo de negócio, buscando inovar em produtos e serviços que sejam ambientalmente amigáveis e que atendam às necessidades de uma economia de baixo carbono. A ação é real e necessária para enfrentar um futuro muito próximo no qual não serão aceitas empresas que negligenciam a emergência climática.
A mudança climática é uma realidade que todos nós enfrentamos, mas juntos, podemos fazer a diferença. No Rio Grande do Sul, temos a oportunidade de mostrar ao mundo como podemos nos adaptar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A Ekobio está comprometida com a adequação ambiental das empresas. Junte-se a nós nesta importante jornada.